sexta-feira, 3 de julho de 2015

Esvanecer...



Antes de começar a escrever esse texto eu já sabia que essa seria a imagem a ilustrar, o dente-de-leão. Eu sempre gostei desse simbolo por causa da lenda que diz que ao fazer um pedido e soprá-lo você seria atendido, além disso as pessoas aparentemente também associam ele com liberdade, é engraçado porque eu nunca o vi dessa forma, na verdade, a razão pela qual eu escolhi ele foi porque ele me remete ao esvanecer.

Há um tempo uma cena volta e meia surge na minha cabeça, na cena estou andando contra o vendo forte que gradativamente vai me desmanchando, como um dente-de-leão. Essa cena sintetiza perfeitamente a forma como tenho me sentido, cada vez mais eu sinto vontade de simplesmente esvanecer...

O vento que dilui o dente-de-leão é facilmente associado as adversidades da minha vida, isso porque embora cause um excesso de pressão no dente-de-leão o vento não costuma ser forte, não precisa ser, porque o dente-de-leão é fraco demais e se esvai com qualquer brisa. Eu me sinto mal frequentemente por ficar tão abalado, tão afetado por coisas que para outros são parte da vida. Eu me sinto culpado ao perceber que os problemas que para mim são absolutamente terríveis e insuportáveis, não são NADA comparados ao sofrimento de tantas outras vidas mundo afora. Eu devia me sentir grato, não deveria? Porque eu sinto vontade de não existir?

E embora eu tenha consciência do quão terríveis podem ser os sofrimentos dos outros isso não ajuda, eu simplesmente olho para o mundo e vejo um mundo onde eu não quero estar. A cada dia mais só piora, eu só consigo enxergar as desgraças, as tristezas, as discriminações, a dor. Eu tento me lembrar das coisas boas que a vida tem pra oferecer, das coisas boas que eu já tenho, mas parece tão pequeno! A sociedade é uma luta de poderes onde ninguém se importa com ninguém, e quem se importa é duramente hostilizado. Eu simplesmente não sinto vontade de ser parte disso. É como se as coisas boas do mundo estivessem em uma onda de transmissão que parei de captar, e por isso as coisas ruins se tornaram demônios indestrutíveis, porque agora só elas eu consigo ver.

E assim esse sentimento é tão desesperador que eu só quero que passe, eu só quero esvanecer, não sentir mais nada, não fazer mais parte desse mundo de forma nenhuma.