sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Fantasmas



Ok. Eu não sei como seguir em frente, eu admito.

Eu simplesmente não sei, é como se eu carregasse todo o meu passado nas costas, ressentindo e revivendo de tempos em tempos. E mesmo quando parece ilógico, mesmo quando ele serve apenas como arma de tortura contra mim mesmo, está lá vívido e forte, talvez escondido, adormecido, mas ainda vivo.

Rever textos, reler conversar antigas, rever fotos, e sentir cada uma delas rompendo uma veia dentro de você, uma hemorragia silenciosa de sofrimentos, cheia de dor, remorso, ódio e tristeza. Lágrimas de sangue que mancham as lembranças já sujas e destruídas de algo que simplesmente ficou no passado, mas continua te perseguindo saindo de um túmulo velho e deteriorado.

Eu ainda revivo cada sentimento com a mesma intensidade de antes, eu continuo ardendo em paixão, mas os sentimentos antigos se misturam ao ódio que se sucedeu, e ao desprezo depois disso. tudo gira numa enorme fornalha destrutiva dentro de mim.

Cada impulso não respondido, cada palavra não dita pulsa violentamente, e dói duplamente por que se misturar com a dúvida.Como calar os fantasmas tenebrosos que se alimentam do meu sofrimento e me assombram o tempo todo em meio aos risos sádicos?

Eu só queria ser capaz de perdoar, perdoar aos outros e também a mim mesmo.


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Luz da minha vida.



Eu queria tanto te contar o que sinto por você, e falar sobre os milhões de planos que imagino para nós.
Mas é difícil, por que eu sinto que enquanto mantenho pra mim, eu posso proteger esse sentimentos e planos, por que eles fazem parte de um mundo acessado exclusivamente por mim, e lá eles podem reinar e florescer, mas eles já não cabem lá, eles já são maiores que eu, e querem explodir de mim. 


Eu sinto eles explodindo quando penso em você pela manhã, logo quando acordo, eu sinto eles rastejando sob minha pele quando penso em te chamar pelo apelido que te dei, mas que nunca tive coragem de te dizer. Eu sinto eles inquietos quando meu coração palpita ao ver tua foto nova, e sinto eles me dominarem quando eu quero tanto te abraçar.

A questão é que sempre que penso em te contar, eu tenho esse medo de que esse sentimentos serão maculados, demorou tanto pra que eu tornasse a sentir algo tão bonito que eu tenho medo de qualquer coisa que possa mudar isso, seja por meio da rejeição ou por qualquer outra peça que a vida me pregue. Afinal, de alguma forma as coisas belas sempre são destruídas.

O jeito é despejar tudo isso nos ouvidos já cansados dos meus amigos mais íntimos, mas eu preciso expressar de alguma forma, mesmo por meio deste texto. Embora, seria uma morte interessante não seria? "Fulano explodiu com o amor nunca expressado"... Soa poético.


terça-feira, 11 de junho de 2013

Combustão Primaveril



Foi uma primavera muito quente, na verdade a mais quente que presenciei até esta data, naquele curto espaço de tempo a moderação primaveril deu espaço a um calor agressivo e abafado, um calor pulsante como o próprio fogo.

Quase acredito que essas estranhas condições climáticas eram apenas expressões da minha realidade interna, mas talvez não. Estando presente ou não, estas relações entre micro e macrocosmo, o fato é que foi nesse período que o conheci.

Neste dia o calor não tinha atingido seu ápice, mas já passava do habitual da época. E foi nesse sol luminoso e veranil que o notei. Era um figura deslocada, um tipo de personalidade extremamente cardinal que demonstrava claramente muita simplicidade de viver, e seu sorriso era tao luminoso que talvez afrontasse o sol que se impunha autoritário.

Agora, ao lembra eu quase consigo vê-lo através do ar trêmulo pelo calor, neste momento, contudo, é ainda exagero de minha memória falha e apaixonada.

Olhando do presente noto como tudo ocorreu de maneiro incomum, contrariando minha própria personalidade eu me aproximei dele, e foi então que o calor tomou as maiores proporções, os dias que se seguiram foram marcados pelas maiores temperaturas do ano.

Eu nunca me senti daquele jeito antes, nunca senti o ardor real da paixão correspondida até então, era algo novo e incrível, a sensação de arrebatamento era absolutamente devastadora, e isso era maravilhoso. Os dias e noites seguintes foram inesquecíveis e ficavam cada dia mais quente.

Um verão imponente e irreverente que se instaurou tirano numa frágil primavera, exatamente como o sentimento selvagem, por que sem dúvida o amor é selvagem, que se passava dentro do meu eu despreparado. 

Essas temperaturas extremas, dão uma sensação sufocante de que nunca vão acabar, é realmente agoniante, mas não no caso, afinal a ultima coisa que eu queria é que tal nível de contentamento combusto de alguma forma me escapasse como água que escorre por entre os dedos. 

Talvez, se eu tivesse notado na época as condições estranhas que cercam a história como noto hoje, estaria alerta para o que viria a seguir, ou talvez não... Afinal fogo não é água que escorre, fogo é energia que consome, não dá para controlá-lo, uma hora ele há de consumir os tolos que ousam se aproximar demais.

Aquele que me incutiu tal sentimento se foi para longe de mim, indomável como o fogo, é como se esse elemento dominasse todos os aspectos da narrativa! Mas, retomando, agora que ele tinha partido, o fogo que me consumia precisava se alimentar de algo, e então ele se alimentou de mim.

Eu queimei. 

Queimei como o plástico que derrete lentamente até se esvair. Queimei sem moderação. Caí em cinzas ao redor de mim mesmo, e, devo dizer, não vi esperanças para o "amanhã", mas a vida sempre recomeça, é claro que recomeça, e com o tempo  eu resfriei, a combustão tinha passado e consumido tudo o que existia, mas ainda havia esperança. Sim, sempre há.